No final do ano, é comum a gente elaborar listas de desejos para o próximo ano. Nos permitimos pausas reflexivas, como se existíssemos apenas em Dezembro. Nem que seja mentalmente, descrevemos linha a linha nossos objetivos. E, o ponto de partida, geralmente é a insatisfação, como se o seu “eu” do futuro tivesse superpoderes que o seu “eu” do presente não tem. Embora o descontentamento seja uma sinfonia importante de se ouvir, a gente tende a sobrecarregar nossas versões do ano seguinte com expectativas criadas dentro de um contexto que pode não fazer sentido. Mas, e se a lista começasse pelas resoluções ao invés de começar pelas metas? As resoluções partem do “ser”, já as metas ,do “fazer”. As resoluções são escritas a caneta e as metas a lápis, conferindo a flexibilidade necessária para mudar de ideia sobre o que é volátil, mas preservando o que de fato importa. A Felicidade é uma direção, não um destino1 e, no contexto da Felicidade no Trabalho, isto significa que para ser mais feliz, é importante que este caminho esteja aberto para a exploração das muitas possibilidades que o trajeto proporciona, sem se paralisar pelos obstáculos ou sem se distrair com necessidades criadas pelas convenções sociais ou ilusórias de quem você “deveria” ser. Você deveria ser quem você está sendo neste momento; e, a melhor lista que você pode criar, é a partir das resoluções que vão conectar você com a sua versão mais potente. A potência não vem da comparação, mas do significado. Quanto mais a gente se compara com a jornada do outro, mais a gente se dispersa e se distancia de ouvir a nossa própria voz. Quantas vezes você se comparou nos últimos dias com colegas, influencers, familiares? Às vezes, nos sentimos cansados e não sabemos o porquê; viver as jornadas dos outros cansa, desempenhar papéis que não são nossos cansa, olhar mais para fora do que para dentro cansa, realizar tarefas sem sentido cansa, não usar as nossas habilidades mais significativas cansa, sentir inveja cansa. Todos estamos expostos ao palco da “boa sorte” e “conquistas” alheias; e, isto nos deixa vulneráveis se não reconhecemos a beleza do nosso próprio caminho; ninguém vive a sua história ou enfrenta seus demônios nos bastidores. E, mais importante: ninguém vai ser feliz por você. Por isto, o significado é essencial. Ele é a ponte que conecta o “você atual” com o seu “eu autêntico”. Saber quem somos, equipa nossos passos em direção à realização, em uma jornada moldada não somente pelas experiências, mas pela forma como as vivenciamos e as percebemos, sejam elas positivas ou não. Reflita sobre seus aprendizados, emoções, desafios e principalmente, sobre quem se tornou ao longo deste ano. Avalie se está próximo ou distante da sua versão mais autêntica, sem perder de vista o que já foi alcançado. O lugar que você está agora, provavelmente já fez parte da sua lista no passado. E, ainda que você não esteja onde gostaria, sempre há tempo para começar a se mover na direção mais significativa. Este espaço metafórico está pronto para ser explorado por você nos 365 dias do ano que se inicia. Não busque respostas nas metas do futuro, sem antes se fazer boas perguntas para as resoluções do presente: Quais as lições mais importantes aprendi neste ano que passou? Como posso fazer melhor uso do meu tempo no próximo ano? Quais valores quero honrar? Quais habilidades quero usar mais e quais preciso desenvolver? Quem eu quero ao meu lado nesta jornada? Esgote suas respostas se perguntando o “por quê” e “para que” em cada uma delas. São estas respostas que movimentam a sua bússola, especialmente quando você não tem clareza do seu mapa; os mapas de todos nós são redesenhados e as rotas recalculadas continuamente. Vivemos tempos instáveis e dinâmicos, repletos de ciclos; alguns mais satisfatórios que outros. Mas, todo começo é uma oportunidade de ressignificar a jornada, onde “existir de novo” torna-se um presente que desembrulhamos enquanto evoluímos. Não importa o tamanho da sua lista, desde que as linhas sejam um reflexo da sua melhor versão para você mesmo e mais ninguém. Este é um processo que começa de dentro para fora, mas que também acontece de fora para dentro. Que as transformações de 2024 sejam um lembrete de que a liberdade é uma escolha, onde cada passo importa para quem quer ser mais feliz no trabalho, especialmente o que você vai dar hoje.